sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Terminei!

Sábado eu comprei 4 livros do Drizzt - toda a The Legacy Series. Paguei um preço bom e fiquei bem feliz e satisfeito de conseguir esses livros que há um tempão eu queria reler. (Re)comecei no sábado mesmo. Ontem, antes de dormir, terminei o primeiro título, The Legacy. E, minha nossa, que livro bom!

The Legacy não é um livro introdutório - ele assume que o leitor conhece os personagens e constrói em cima do que já é (ou deveria ser) sabido. Mas isso também não impede nem atrapalha a leitura de ninguém. Mas, voltando ao ponto. Como eu disse, tava louco pra reler os livros do Drizzt (agora coletivamente chamados de The Legend of Drizzt), porque eles são muito bons. Eu já tinha lido (quase) todos há mais de dez (quase quinze) anos, no meio dos anos 90, e vinha sentindo falta de (re)ler uma literatura mais "RPGística".

Numa outra entrada eu disse que às vezes é difícil reler um livro que você gosta, mas que leu há muito tempo - afinal, você cresce, amadurece, tem novas experiências e aquilo que ficou pra trás pode não ser mais tão legal quanto era da primeira vez. Mas não comigo e com os livros do Drizzt! Reler o The Legacy valeu muito a pena, e foi ainda melhor agora do que na época - parece que o livro só ficou melhor!

*** Warning: Spoilers Ahead! ***

A história é muito boa. O pano de fundo é parte da reorganização de Mithral Hall, o reino anão do clã Battlehammer; o livro começa com o retorno de Drizzt depois de mais uma de suas muitas e agora freqüentes viagens, e os preparativos para o casamento de Wulfgar e Catti-Brie. Além disso, Regis, o halfling, também acabou de chegar a Mithrall Hall, mas em muitas coisas seu comportamento difere do que os companheiros lembravam. Mas amigos são amigos e todos sabem que o halfling vai se abrir quando chegar a hora - ou não. Mas as coisas vão bem e o mundo é bom; pelo menos do lado dos mocinhos, porque os vilões têm sua própria agenda: Vierna, irmã de Drizzt, agora uma ex-sacerdotisa sem Casa vivendo junto à companhia mercenária Bregan D'aerthe, tem uma revelação: ela voltará completamente às graças da deusa-aranha Lolth se conseguir sacrificar o irmão fugitivo... E ainda poderá se tornar parte da Casa mais importante de Menzoberranzan! Começa assim a caçada ao drow rebelde...

A história foca nas relações entre os personagens, e R.A. Salvatore retrata muito bem a personalidade de cada um, seja nas discussões e no comportamento, seja nos combates. E que combates! O Salvatore é o melhor quando se trata de descrever um combate! Cada vez que Drizzt e Entreri duelam, é de tirar o fôlego! E não só - as lutas corpo-a-corpo, no geral, são muito bem descritas e instigantes, rápidas, parecendo um filme: as imagens voam à sua frente. Quando Drizzt saca as cimitarras, é habilidade, leveza e velocidade; Wulfgar, o bárbaro, selvageria e força empunhando o martelo Aegis-Fang; Cattie-Brie, concentração e precisão, disparando flecha após flecha; Bruenor, anão tipico, erguendo e baixando o machado depois de cargas e encontrões com o escudo; Regis, furtividade e ataques pelas costas. Entreri, a nêmese de Drizzt, igual em tudo ao drow, menos motivação e código moral; Vierna, magia e loucura, distorcida por sua adoração da deusa-aranha; Jarlaxe, o mercenário drow, tudo: habilidade, esperteza e malícia, um aproveitador, um oportunista.

Não bastassem os combates em um nível corpo-a-corpo, individual, serem descritos em detalhes, Salvatore não foge da descrição de batalhas em larga escala: exércitos chocam-se nas profundezas do Underdark, anões enfrentando drows. Os anões são ordeiros e organizados, mas experientes e sagazes; os drows são sádicos, metódicos, silenciosos, sem piedade.

Mas as personalidades e conflitos individuais... Além dos combates, Salvatore descreve personagens críveis, reais. Wulfgar, o jovem bárbaro humano, em dúvidas com relação a seu amor por Catti-brie, também uma companheira de batalhas, sua futura esposa que insiste em ficar na primeira linha de qualquer combate - quando o lugar das esposas na tribo de Wulfgar é em casa. Cattie-brie, apaixonada pelo jovem bárbaro, mas cansada do protecionismo sufocante deste, buscando liberdade e conforto nos braços do amigo drow. Bruenor, observador resoluto da relação cada vez mais desgastada entre seus dois "filhos", tão próximos do altar, ao mesmo tempo reorganizando o lar ancestral de seu clã. Drizzt, que se vê dividido entre seus votos e uma herança que jamais o deixará para trás. E Regis, seu comportamento errático - errado! - e intrigante, seu retorno a Mithral Hall, fugindo(?) do cargo de líder de uma das maiores guildas de ladrões de Calimport... Mas por quê?

Do outro lado, Vierna, a irmã de Drizzt, tresloucada pelas décadas de isolamento, buscando com paixão voltar às graças de Lolth e mais uma vez tomar parte da política assassina de Menzoberranzan. Seu outro irmão, Dinin, guerreiro experiente que só treme diante do próprio Drizzt, assustado com as práticas religiosas da irmã e sua louca obsessão. Jarlaxe, o pragmático e oportunista mercenário drow, negociante entre os negociantes.

História envolvente, personagens ricos, combates rápidos e ao mesmo tempo detalhados. Eu lembrava que The Legacy trazia muito mais, mas a minha lembrança é dos acontecimentos da série inteira - e ainda tem mais três livros depois deste. Mas o que The Legacy traz vale a pena. Vale muito a pena. Fiquei muito, mas muito satisfeito com este primeiro título. Como eu disse, foi melhor agora do que lá no meio dos anos 90. Ontem mesmo dei uma olhadinha rápida no Siege of Darkness. Ansiedade. :D

O quê? Faltou spoilers? Queriam mais? Ha, quem sou eu pra estragar a surpresa de alguém?! Vão por mim - valem a pena. Esses livros valem muito a pena.

Bah, um comentário de ocasião: tô ouvindo um Iron Maiden enquanto escrevo esta entrada. Iron Maiden + RPG é combo vitorioso, de onde eu venho. Iron Maiden + RPG + Drizzt, perfeito! Até!

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