domingo, 16 de maio de 2010

Londres - 2a Semana

[vejam todas as fotos deste post em: http://gustavobrauner.myphotoalbum.com/albums.php]

Sexta-feira fez duas semanas que a Aline e eu chegamos em Londres. Diferente da primeira, em que tudo era deslumbramento e novidade, esta segunda semana foi um pouco mais morna. Mas com deslumbramento e novidades assim mesmo. :D

Não passeamos tanto quanto na semana passada, porque ficamos mais focado nos deveres (esta semana eu entrego a minha parte da DragonSlayer #30!).

Segunda-feira eu passei a tarde na Forbidden Planet e na Orbital. Na primeira vez que fui na Forbidden, não tinha visto que há um basement (um subsolo) - a escada fica em um cantinho, embaixo de uma Enterprise presa no teto. E é um lugar ENORME, que mereceu as horas que eu passei lá.

O basement da Forbidden tem mais volumes que muitas bibliotecas. Sério. Fiquei horas admirando os muitos absolutes, essentials, livros sobre quadrinhos, livros sobre a arte dos quadrinhos, encadernados de capa dura, de capa mole, com capas alternativas... E tem de tudo para todos os gostos. Fiquei especialmente feliz ao encontrar um encadernado reunindo as melhores histórias da série original dos GIJoe (só histórias boas!).

Além disso, o basement da Forbidden tem todo o tipo de mangá. São prateleiras e mais prateleiras de mangás. O legal foi ver que tem bastante procura e um público fiél aqui em Londres (e umas promoções muito legais, com séries completas em preços bem em conta - sim, Leonel, tudo de Akira e, Nume, tem Bleach completo!). Para completar os mangás, a Forbidden também conta com um enorme acervo de animês em DVD (para os puristas: não vou entrar em discussões sobre a grafia de 'mangá' e 'animê' - vou simplesmente usar a grafia que me der na telha, com ou sem acento; não incomodem, o lingüísta sou eu). Por falar em DVDs, havia uma seção especialmente dedicada ao cinema de horror, que eu sei que meu amigo Rogério Saladino iria adorar.

Como o basement é basicamente voltado para quadrinhos e livros, não poderia deixar de faltar romances de fantasia e ficção científica - mais uma vez, tem de tudo e para todos os gostos. O Senhor dos Anéis, obviamente, tem sua seção exclusiva, assim como Star Wars. Mas quem manda no campinho aqui em Londres não é nenhum destes dois gigantes - é Dr. Who, a série das séries para os londrinos. Dr. Who é tão importante aqui que supera SdA e SW juntos: a série tem mais DVDs, pocket books, audio books, posters, miniaturas, bustos, estátuas e qualquer colecionável do que você possa imaginar.

O basement também tem jogos de tabuleiro (com destaque para Settlers of Cattan e suas muitas expansões), livros sobre brinquedos (e colecionáveis) e, é claro, RPG. Mas fiquem ligados que em uma das próximas edições da DS vai sair uma reportagem especial sobre a Forbidden Planet e o cenário de RPG de Londres.

Mas, voltando à semana.

Eu passei tanto tempo na Forbidden por dois motivos. O primeiro, porque é über-legal. O segundo, porque terça foi meu aniversário, e a Aline queria que eu escolhesse um presente (o que é muito difícil, dada a quantidade de opções!). Ganhei um belo de um veículo + piloto dos GIJoe (o Ghost HAWK com o Lift Ticket) e três figuras clássicas da Marvel e DC (Capitão América, Winter Soldier e Capitão Marvel - que muitos chamam Shazam). DEMAIS!

O resto da semana foi meio morno, com a Aline e eu ocupados com trabalho e aulas. Não fizemos grandes passeios, nem conhecemos muita coisa nova. Até ontem.

No final de semana, aproveitamos para conhecer um pouco mais da Londres histórica. Ontem decidimos ir até a Tower of London e a Tower Bridge. Como o ônibus nos deixa do outro lado do Tâmisa, e um pouco longe de Tower Bridge, precisamos dar uma pernadinha até lá Mas valeu a pena.

Na ida da estação (de metrô + ônibus) até a Tower Bridge a gente se deparou com essa bela catedral, a Southwark Cathedral. Mas na ida até a catedral acabamos desviando para o Borough Market. O Borough Market é simplesmente o lugar mais fedido em que eu já estive. É pior que o banheiro da rodoviária do Rio de Janeiro. Tudo porque há uma banca que fica fritando queijo o tempo todo para sanduíches, mas, não, aquela fatiazinha de queijo na chapa: enormes meia-luas de queijo em uma chama fazer inveja a muitos soladores. A casca fica mais ou menos intacta, mas o interior derrete borbulhando, liberando aquele cheiro nojento no ar.

Mas tirando o fedido cheiro de queijo frito, o Borough Market é bem legal. Trata-se de uma enorme feira livre, onde você encontra de tudo: carne, frutas, legumes, sucos, bebidas alcoólicas (como cerveja de todos os países da Europa), café, chás, doces, compotas e várias banquinhas onde comer - há culinária espanhola, francesa, escocesa, portuguesa e inglesa (acho que esqueci alguma). Comemos um sausage and bubble (lingüiça com batata e repolho no pão) com chá. Bem gostoso. Ah, vale dizer que há gente de todas as nacionalidades passeando por lá: franceses, italianos, espanhóis e umas pessoas de um idioma que eu não consigo identificar, mas tenho certeza que é do leste europeu.

Do Borough Market fomos para Tower Bridge. Infelizmente, esquecemos a catedral por completo. Acontece. Voltamos lá outro dia. Da feira até a ponte passamos pela London Dungeon, um espetáculo de horror que eu ainda estou tentando convencer a Aline a visitar. ;D

A caminhada pelas margens do Tâmisa vale a pena. A gente passou na frente da City Hall, quartel general da Greater London Authority. Na ida até Tower Bridge pelas margens do Tâmisa, a gente também passou pelo HMS Belfast, cruzador leve usado na Segunda Guerra, que ajudou a bombardear as praias durante a invasão do Dia D.

Logo depois do Belfast e da City Hall chegamos a Tower Bridge - uma visão realmente impresisonante. Demos sorte, porque conseguimos ver a ponte sendo erguida (e filmamos tudo!). Depois, atravessamos a ponte (que tem uma exposição permanente, que leva por dentro das torres - mas a gente decidiu não entrar porque eu esqueci de fazer meu cartão de estudante, que dá um belo desconto em todos os programas culturais da cidade).

De Tower Bridge, descemos dentro da área da Torre de Londres. A Torre é o lugar mais legal em que estivemos desde que chegamos aqui. A Torre em si é apenas a estrutura mais central, cercada por muralhas altas, pátios e outras torres, uma verdadeira aldeia em forma de castelo. Infelizmente a gente não entrou , pelo mesmo motivo de eu não ainda ter feito o cartão de estudante :(

Mas do lado de fora pudemos ver umas filmagens que estavam acontecendo no pátio externo, onde atores vestidos como reis, cavaleiros e soldados disparavam um trebuchet em dois alvos distantes. Eles pediam para a platéia vibrar alto quando acertassem, o que, infelizmente para eles e para a frustração do diretor, não aconteceu. Mas foi bem divertido.

Ao lado da Torre há uma exposição permanente com armaduras de todos os reis da Inglaterra, outra atração que eu não quero perder. Quando voltarmos à Torre (e à Tower Bridge), certo que visitaremos esta exposição.

Da Torre de Londres, demos uma volta pelos arredores. Atrás da Torre, fica um parque em homenagem aos marinheiros que morreram na Primeira e Segunda Guerras: placas negras presas aos muros, com o nome dos navios afundados e de todos os marinheiros que pereceram com eles. Enquanto estávamos lá, chegou um homem nos seus quarenta e poucos anos acompanhado de uma senhora muito mais velha e um senhor de idade compatível a da senhora (obviamente seus pais). Esse senhor era bastante curvado, e precisava da ajuda do filho para descer as escadas do parque. Ele usava óculos, mas uma das lentes era totalmente preta: não tinha um olho. Depois reparamos que ele também não tinha um braço (do mesmo lado do olho que faltava), mas usava uma prótese que termianava em um gancho. Os três procuraram um nome nas placas negras e sentaram próximo, em silêncio. Quem será que eles estavam procurando - um amigo, irmão ou companheiro? Mistério. Nem eu tive tagarelice suficiente e falta de desconfiômetro para perguntar.

Depois do parque, fomos jantar: fish 'n' chips perto da Torre. A Aline, que não gosta de peixe (com a única exceção de salmão), sentiu-se em débito para com a Inglaterra, Império e a Rainha, e decidiu experimentar. Gostou. ;)

Depois, só nos restou voltar para casa. Já estava tarde e, apesar de ainda estar dia claro, até chegarmos em casa levaria tempo. Deu para cansar - o passeio inteiro levou mais de 5 horas.

Ontem eu decidi fazer também um álbum de fotos on-line. Por algum motivo o gmail só me permite enviar anexos que totalizem no máximo 4 mega e, como cada foto tem mais de 2, estava ficando muito sacal enviar um e-mail por foto para a minha família e amigos. Por isso decidi pelo álbum on-line. O endereço é http://gustavobrauner.myphotoalbum.com/albums.php (basta clicar). Coloquei títulos e descrições em cada foto para facilitar. Logo mais posto as fotos da nossa segunda semana aqui em Londres e de ontem também.

Mas, sobre Londres e os londrinos.

Após muitas observações do povo e da cidade, descobri uma coisa, no mínimo, curiosa. Por um lado, a moda aqui permite tudo - como eu disse em outro post (sobre a nossa primeira semana por aqui), aqui em Londres vale tudo: vista-se como você gosta, como você sente-se bem. Por outro lado, existe uma cor quase que banida: o verde.

Pouquíssimas pessoas usam a cor verde no dia-a-dia (e menos ainda em ocasiões especiais). Já percebi que uma vez ou, no máximo, duas vezes por dia (e não mais) você vê alguém vestindo verde, mas não mais do que isso. Uma camiseta ou casaquinho até rola de vez em quando, mas, no geral, as pessoas aqui preferem usar meias verdes, cadarços verdes ou tênis verde limão. Mas isso só as pessoas mais "arrojadas", porque é difícil mesmo achar alguém usando verde, seja na pe;ca de roupa que for (talvez por isso a Sonserina/Slytherin use verde...). Como eu disse, deveras curioso. Sim, a cidade tem árvores, jardins e parques, e com muito verde, mas vestimentas na cor verde são difíceis de encontrar.

Outra coisa que eu desmistifiquei aqui é sobre as londrinas. No Brasil, é comum ouvir que "as mulheres inglesas [ou londrinas] tem o rosto (muito) bonito, mas são normalmente gordas - e se são magras, são feias de rosto". Até onde eu pude verificar nestas duas primeiras semanas, isso é uma tremenda bobagem.

Os ingleses no geral, tanto homens quanto mulheres, não são um povo bonito. São um povo de beleza mediana, o que significa que alguns são média menos (um pouco feiinhos) e outros média mais (bonitinhos), mas, no geral, os ingleses não se destacam pela beleza (nem para chamar a atenção, nem para te assustar). São bem medianos, mesmo.

Os homens costumam ser magros ou, algumas vezes, cheiinhos. Existem os gordos e gordões, claro, mas são mais raros e, no geral, os homens são mesmo magros - e isso para qualquer faixa etária. Já as mulheres, sim, eu diria, costumam estar acima do peso (em qualquer faixa etária). Muitas são cheiinhas ou realmente gordas - mas eu não vi nada de gordas de rosto bonito ou magras de rosto feio - a beleza é mesmo mediana. A população de mulheres gordas e gordinhas é bem maior que a de homens gordos ou gordinhos. Mas por aqui isso não parece incomodar, porque é muito comum ver casais onde o homem é magro e a mulher é gorda ou gordinha (diferente do Brasil, onde gordura é um fator de sobrevivência social). Mesmo nos lugares tipicamente de gordos (como comic book e RPG shops), não vi muitos homens gordos, não. Aos olhos de um brasileiro, vantagem da genética inglesa, sem dúvida.

Bom, é isso aí. Estamos saindo para passear daqui a pouco. Ainda não temos certeza de onde vamos. Programas culturais que exijam pagamento, só quando eu tiver minha carteirinha de estudantes em mãos (o que deve ser terça ou quarta). Por enquanto, aproveitem o meu novo álbum de fotos: http://gustavobrauner.myphotoalbum.com/albums.php

Cheers!

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